ELEIÇÕES 2010 – CONTINUIDADE SEM CONTINUÍSMO

Por questões pessoais e necessidades profissionais estou a mais de três meses monitorando alguns assuntos nas redes sociais, entre estes, notícias sobre o processo eleitoral deste ano. Acredito que para entender ou até mesmo prever o futuro é necessário analisar profunda e criteriosamente o comportamento e as manifestações naturais das pessoas.

 Nada tem haver com aquelas perguntas desnecessárias do tipo: “Em quem o Sr. (Sra.) irá votar nas próximas eleições?”

 Há controvérsias, mas a campanha de 2010 já começou faz tempo e isso está de certa forma influenciando na percepção e na futura decisão de voto dos eleitores. Cada Estado do País tem seu ecossistema próprio e sua cultura particular, mas no âmbito nacional, posso dizer com toda a segurança que ganhará a eleição quem conseguir empacotar melhor o conceito “continuidade”.

 Acompanhando comentários e manifestações de pessoas das mais diversas faixas de idades, classes econômicas, graus de instrução, regiões e preferências partidárias, fica nítido (nenhuma novidade) um sentimento nacional de aprovação com o governo atual do Presidente Lula. Mas isso nada tem haver com “gostar” do Presidente.

 Isso também não significa que a preocupação com a segurança, com as enchentes, com o desemprego, com as taxas de juros, com as filas nos hospitais tenham desaparecido. A questão que ganhará a eleição não será racional, ou algo que se possa alterar opinião mostrando números, gráficos ou tabelas.

 Não será a programática de governo, que a maioria dos simples eleitores não entende. Não será a ideologia partidária que os eleitores não querem entender. Também não será a simplista ideia (apesar de importante) do benefício das diversas “bolsas-ajuda” criadas, disseminadas e propagandeadas pela máquina atual de governo.

 O fato é que ao longo dos últimos anos nos dividimos em três grandes grupos de eleitores. Dois principais: os que são a favor de Lula e os que são contra o Lula, que dificilmente (mas não impossível) mudarão seus votos até a eleição. E um terceiro grupo, que a cada dia fica menor, que são os indiferentes ou indecisos em relação ao governo ou ao carisma do Presidente.  

 O ponto é que para todos existe uma percepção tácita generalizada de que as coisas não estão perfeitas, mas de que estamos no caminho certo. Que se nada atrapalhar, o futuro será melhor. A ponto de que se não houvesse eleição este ano, seria ideal.

 Porém, como mundo perfeito não existe, todos nós seremos convocados a decidir por uma mudança não desejada. E ai é que está a grande oportunidade a ser trabalhada. Como vender e entregar o mesmo com pessoas e/ou partidos diferentes no poder. Dilma não será Lula. Serra não será Lula. Ciro não será Lula. Terceiro mandato não será o mesmo Lula.

 Esta continuidade desejada não poderá se confundir com o significado semântico perceptivo em que “continuidade” seja a mesmice, o marasmo ou o “piloto automático”. Esta continuidade deve transmitir o ideal de junção dos elementos estruturais sociais e econômicos na formação de um todo resistente e em evolução.

 Acredito que será a primeira eleição (na história deste País) em que vamos mudar, querendo mais do mesmo. E como Lula chegou neste ponto? Vendendo a promessa de fazer diferente, mas entregando a continuidade. Ele conseguiu a aprovação atual não fazendo o que falou que iria fazer, e sim fazendo (e evoluindo) o que já estava sendo feito. Não estragar o que o FHC (PSDB) fez em seus oito anos, foi o que Lula fez de melhor em seus dois mandatos. O resto foi como seus discursos. Muito improviso, sorte e simplicidade…

 O candidato que conseguir “fugir das comparações” e “vender” melhor a possibilidade e capacidade de continuidade será o eleito em 2010.

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